terça-feira, 20 de outubro de 2009


Dor-ivaldo


Para Dorivaldo Zambrim (in memoriam)

Visto a utopia estranha
De trazê-lo para cá,

Gerar em minhas entranhas

Um pai benfeitor, quiçá.


Um pai para consagração,

Pois se foi e nem viu

Minha primeira menstruação,

Meu primeiro namorado viril.


Um pai à prestação,

Pois se foi sem dizer tchau,

Nem deixou pensão,

Só uma saudade unilateral.


Hoje senti uma falta danada.

Chorei muito no banho,

Foi como uma engasgada

Com um sentimento tamanho.


Agora dos vermes és o pai,

E fétido em demasia,

Mamãe friamente o trai,

Para mim, ainda é poesia.